''Aprendemos mais com os mortos que com os vivos''
Eu acredito que sim.
Os que já partiram ensinaram-me a amar, a saber ser educada, a dar valor às pequenas coisas da vida: a um simples abraço de adeus, a um beijo singelo na face, a palavras doces e reconfortantes, a ajudar o próximo, a ser humilde e prestável para os que mais precisam, a ter um bom coração e ver o lado bom de cada pessoa. Ensinaram-me sobretudo a ser alguém, a ser especial, ou a tentar sê-lo. Aprendi com eles que podemos amar na distância, lembrar pequenos, mas importantes pormenores de tempos confusos, que os erros se cometem, mas que temos uma longa vida para tentar remediar tudo o que fazemos de mal. A perdoar quem nos magoou, a saber pedir desculpa a quem ofendemos, a amar quem em tempos odiámos. E hoje, hoje não sinto falta daqueles que estão comigo e que às vezes me ignoram (nem sei porque continuo a chamar amigo a tanta gente), hoje sinto falta daqueles que me mostraram o que era a vida, quando eu ainda via o mundo colorido despreocupadamente, quando apenas importava o presente, quando ainda não dava valor ao que tinha, nem às pessoas que estavam junto a mim. Sinto falta. E o que me dói mais é que por vezes preferia estar morta e com eles, a ter de conviver todos os dias com quem me fere a alma com um ignorar e desprezo constantes. . . .