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". . . . Essas palavras tristes e desorganizadas escondem as lágrimas que eu espero que tu nunca vejas . . . ."







sábado, 2 de abril de 2011

poetry II


"É desperdício de alma vergonhoso
A luxúria em acção; e o desejo
É falso, sanguinário e criminoso,
Selvático, extremista, malfazejo;

Gozado e desprezado de seguida;
Loucamente anelado; e, satisfeito,
Logo se odeia, é isca deglutida
Que só p'ra endoidecer foi posta a jeito;

E louco faz quem a persiga e vença:
Ao tê-la, antes de a ter, e já tragada;
Bênção em perspectiva; ao fim, doença;
Antes, só alegria; depois, nada.

Tudo isto o mundo sabe, mas não há
Quem fuja a este céu que inferno dá." 

William Shakespeare 



In 'Os Sonetos de Shakespeare' por Jorge, Maria do Céu Saraiva; 1962


Aqui está um poema que achei bastante interessante. Há algo na escrita de Shakespeare que prende sempre a minha atenção, seja pelo assunto abordado, pelo modo de revelar o que pretende dizer ou até mesmo pela maneira como me faz reflectir sobre a vida. . . Este é um exemplo disso. Existem certas coisas que não se afirmam,  não se expõem,  não se explicam, ou que não se tem coragem para admitir. A efemeridade das coisas faz com que os momentos de alegria e felicidade não se possam prolongar para sempre, porque tudo tem o seu ciclo. 

3 comentários:

  1. É verdade. Por vezes não devíamos ter tanto medo de admitirmos aquilo que realmente não gostamos ou temos vergonha de mostrar de nós...
    Adorei o poema :)

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  2. Existem personalidades que aparentam não pertencer a este mundo. Este mundo é demasiado pequeno para tais mentes. Shakespeare foi um deles...

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